segunda-feira, 27 de maio de 2013

A volta dos animais

Costumam de me tratar por Zé ou Alexandre. Também há quem me trate por José, ou Zé-i, ou Alex, por Xaninho, ou brother, ou mano, até por palhaço e mais recentemente por besta (trepadeira é uma desculpa). De tanto batismo já nem sei de que religião sou. E isto a propósito da volta de hoje (26/05/2013), apelidada da volta dos animais.
Como o nosso extenso grupo está numa fase contraída, resumindo-se semanalmente a três elementos e desta como também o Africano foi uma vez mais à terra ver os família, sobrou a besta e o cão de caça (digam lá se não é tal e qual)- assim que vê uma lebre lá vai ele…e depois volta para trás para mais uma voltinha, ladra sempre quando acha que a caça está para o lado diferente ao que estamos a seguir e, este, não gosta de arêa.
E por muito que a besta se esforce, o cão de caça vai sempre lá à frente a puxar e a olhar para trás para picar mais um pouco, mas sempre à espera da sua companhia. 
E numa descida, ao ver duas lebres distraídas, entusiasmou-se demais e decidiu brincar com elas rebolando no chão para chamar a atenção. As lebres não ligaram muito e ele lá se levantou e seguiu caminho com uma esfoladelazita na pata, nada de especial.

Agora, queda, queda foi aquela que aqui a besta mandou a semana passada. Essa é que foi uma queda que nem sei como é que ainda estou aqui para a contar...bem o que vale é que a minha experiência de milhares e milhares de segundos em cima de bicicleta evitou aquilo, que para um cidadão comum, não estaria aqui para contar. A descer o single espetáculo do Cabeço para Alverca, a roda da frente bate de lado numa pedra e ai jasus…. Pus uma abaixo atrás, levantei a roda da frente ao mesmo tempo que mudava a mudança da cremalheira… com um cheirinho de travão da roda dianteira, para quando esta batesse no chão não ir com rotação a mais, um jogo de cintura para a direita, sempre a pedalar e num espaço de 552 metros, estava mesmo quase a safar, quando olho para a torre da igreja de Alverca e verifico que o meu relógio está 2 minutos e 23 segundos atrasado. Tiro a mão direita do guiador para puxar o picolete que acerta as horas e de repente um mosquito poisa na minha perna esquerda pronto a ferrar-me.  Tive que tirar também a mão esquerda para dar uma chapada na perna esquerda, quando os óculos começam a embaciar e aí é que vi que não tinha hipótese, pois por toda a experiência que um bttista tenha e por muitos que sejam os conhecimentos de sobrevivência e de gravitação, andar com os óculos embaciados é a mesma coisa que pedalar com os tomates molhados…
Felizmente todas as feridas provocadas com essa queda do camandro sararam e não tenho nenhumas fotos do estado calamitoso em que ficaram as minhas pernas e braços de tanto sangue que perdi (perto de 2 garrafões), mas fica o aviso e o alerta, que se tiverem numa aflição parecida, não liguem aos relógios dos outros, pois por vezes o nosso é que está certo.

JAS

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Um conto na Via Algarviana


Mesmo passados 16 dias do término da aventura, ainda nem sei muito bem o tipo de relato a descrever: duas ou três linhas com muitas fotos, com meia dúzia de larachas por lá metidas, ou um texto formal a descrever o dia-a-dia das jornadas, com o itinerário todo espamparado, pronto para ser publicado numa revista on-line? Gostava que o publicassem, mas aí não posso dizer caralhadas algumas imbecilidades, e no fundo deixaria de ser eu a contar a minha história.
E como ainda estou com um melão do caralho enorme ( FODA-SE!!!!! BOLAS, perder no ultimo minuto num golo marcado por um primo do africano que não joga um peido muito bem, é FUDIDO MUITO ABORRECIDO), já não me apetece escrever mais nada.
Vou postar umas fotos e que se FODA VOU VER A NOVELA!!
Bom, agora que já estou a acabar o 2º cálice de medronho e já estou mais calmo, vou tentar escrever algo sobre a Via Algarviana. Mas, primeiro é melhor redimir os palavrões para puder ser editável, porque ainda tenho alguma esperança de ver um relato meu numa revista. Tal como a esperança de ver o Paços de Ferreira a tirar pontos ao FCP. Olha o que é que eu devia me lembrar!! Foda-se, tou mesmo todo queimadinho, c´um caralho!!! Vou beber mas é um submarino para ver se isto passa.

Vira-se o Africano para mim:
- ó  Zé!! Tive a falar com a dama sobre a eventualidade da minha ausencialidade durante os 4 dia nos feriado para dar uns volta desbicicreta. Quer vir? - ( eu como lido com ele há muito tempo, percebi logo o que ele quis dizer.)
- Então e vamos aonde?
- Sei lá! Eu quero é sair de casa e andar desbicicreta! Podi ser Aveiro, ou …
- Olha, vou perguntar ao Nés o que recomenda. - disse eu.
Depois do guru das voltas ter recomendado a via algarviana, ou eventualmente a ecovia do litoral, não apenas pela sua misticidade, mas também pelas condições dos trajetos, que a Norte poderão estar intransitáveis, testemunhado por ele numa tentativa de volta durante a Páscoa, falei com o africano que rapidamente concordou:
- vias esgarviana? É isso memo! Vamo primeiramente preparar mentalmente e fisicamente a nós, seguidamente de compreender o percurso para oportunamente tratar de seguida dos logista, falar com todo os companheiro e vamo!
Então, a primeira coisa a tratar seria a logística. Antes de pensarmos muito e sequer de fazer perguntas já tínhamos todas as respostas!!! É verdade, não estou a exagerar.
O “trata-me lá disso” já tinha tratado disso:
- Vão de carro até Alcoutim (ponto de partida), dormem na pousada da juventude, de manhã partem para Cachopo, onde vão pernoitar numa escola primária, na etapa seguinte ficam na casa do povo de São Bartolomeu de Messines, no 3º dia vão almoçar em Silves, onde eu vou ter com vocês , vamos dormir em Monchique, para no 4º dia fazer a loucura de chegar a Sagres, voltar para Lagos por estrada para apanhar o comboio que nos leva até Castro Marim para pegarmos nas bikes e irmos até ao carro. Não vai ser fácil, mas para fazer o caminho em 4 dias, só pode ser assim!! – Atenção que reduzi bastante o texto, porque na realidade apresentou os kms de cada etapa, o nome das pessoas com quem iriamos contatar, o horário dos comboios…quem o conhece “(…)sabe de quem estou a falar”.
E bem dito bem feito. Tirando a dormida na pousada de juventude em Alcoutim, foi exatamente isso que fizemos. Optámos por arrancar no 25 de Abril às 5h30m de Lisboa, para às 11h00 começarmos a andar de bicicleta. 
Km 0 - No cais de Alcoutim

Como o primeiro dia eram 70kms, pensámos que às 18h, o mais tardar, estaríamos em Cachopo. 
A paisagem predominante
 Não falhou muito, apenas 1h32m, pois só conseguimos chegar perto das 19h30m. Entretanto durante a tarde nos diversos contatos com a D. Otília (animadora e promotora turística local) foi feita uma pequena alteração: como haviam mais 7 bttistas a fazer o caminho, propôs-nos a dormida mesmo na vila de Cachopo, dista em 4kms de Casas baixas, local da escola primária referida. Como a estadia tinha tv a cores e como queria ver o SLB com os turcos (1ª mão) concordámos.
Chegados a Casas Baixas lá estava a dona Otília à nossa espera, que também aguardava os outros 5+2. Se fosse combinado não tinha corrido tão bem, pois chegámos todos praticamente à mesma hora. Já estava a anoitecer e a D. Otília propôs levar-nos na carrinha até à aldeia, pelo que aceitámos, apesar de desvirtuarmos a volta sem essa ligação, mas isso poderia ser ultrapassado pois poderíamos voltar para trás no dia seguinte, se pensássemos que esse facto iria pesar a nossa consciência.
Felizmente fomos para uma casa que tinha tv e assim consegui ir vendo o jogo enquanto o africano se aprontava. 

A bela casa onde pernoitámos no 1º dia

Aliás foi aí que desmistifiquei o motivo do africano ser branco… pelo tempo que demora a tomar banho percebi que na realidade ele nasceu mesmo preto, mas com tanta esfrega no banho, foi perdendo cor.
Nestas povoações pensamos que vamos encontrar na ementa aquelas maravilhas gastronómicas que dão bom nome à nossa cozinha, mas isso só acontece quando reservamos com antecedência… e mesmo assim não é fácil. Chegadas a horas tardias, não nos podemos esquecer que onde estamos não há muita/mais oferta, temos que nos sujeitar ao que se consegue fazer. E nesse dia calhou-nos umas costeletas de porcas grelhadas. Foi encher o bandulho até mais não, provar o medronho do chefe e ir para a caminha.
Como nota durante esse percurso de 70kms, feitos num feriado, passámos por cerca de 2 cafés, que estavam fechados. Para comermos qualquer coisa à hora de almoço, tivemos que nos desviar cerca de 2kms. Felizmente nas aldeias por onde passámos havia sempre um chafariz de água para nos abastecer, situação regular em toda a Via Algarviana, exceto entre Silves e Monchique.
São bastantes os Oceanos que atravessamos
Na manhã seguinte e após o pequeno-almoço tomado no mesmo café/restaurante e quando já estávamos a abordar ao caminho, mas ainda indecisos se voltávamos ou não para trás, aparece a D. Otília na sua pick-up a perguntar se queríamos que nos levasse ao local de chegada de ontem. Claro, vamos nessa!! Ainda para mais, essa viagem foi feita em cima da caixa aberta com uma mão a segurar a bike e outra a segurarmo-nos Na carrinha. Sentimo-nos uns surfistas no asfalto, elevando a adrenalina nalgumas curvas e travagens. Espetáculo!!!
Durante a surfada asfáltica
Acho que este segundo dia foi o mais longo dos quatro. E foi aquele que senti sendo o mais produtivo, onde os kms foram todos na mesma direção, ao contrário do primeiro dia onde se sente claramente que andamos a contornar locais. Neste dia passámos por diferentes morfologias de terreno onde inclusivamente atravessamos alguns singles, já que a Via é maioritariamente definida por estradão. 

Umas das muitas singles ?!- Estranho, então mas não são únicas?
Depois de muito subir e descer, transpor e rolar lá chegámos ao destino. Mas antes, mesmo um bocadinho antes, o Africano falou (é verdade só agora falou):
- Quando chegarmos ao bartu-meu vamo procurar lugar para lavar osbicicreta para besuntála com óleo solar que o africano não gosta de frito, mas gosta de sol.


Africano quasi no lusco-fusco
Bem dito, bem feito!, assim que saímos dos trilhos para entrarmos na vila, desembucámos precisamente numa estação de lavagem manual, ou “ilifante branco”, como lhe chama o africano.
Lavadas as bichezas, dirigimo-nos para a casa do povo e é então que após a passagem numa montra, o africano volta a falar:
- hoje quero fuder galinha!!
- boa ideia. - respondi eu.
E fomos comer frango da guia em São Bartolomeu de Messines, na Churrasqueira Fatinha. Lá estava também o grupo de 5 já a meio da refeição e a ver o Estoril-Braga.
Mais uma vez, foi encher a mula até mais não, beber um medronho, um não!! dois ou três, que este estava bom, e depois de uma pequena caminhada, caminha que amanhã temos uma serra para subir.
E lá fomos para a jorna mais complicada delas todas. O início da manhã foi rolante, em torno da barragem do Funcho, para no final começarmos a subir e depois descer em direção a Silves, onde nos encontrávamos com o ilustre Nés. 
Panoramica da serra
E mais uma vez, e por incrível que pareça, chegámos todos ao mesmo tempo! É Verdade!! Estávamos a perguntar onde eram os bombeiros e lá aparece um gajo todo speedado a dizer uma merda qualquer tipo: EESSSPECTÁÁÁCULO!!!
Desta vez até tivemos direito a almoço, que nos anteriores apenas degustámos bifanas e sandes. Carapau assado para o africano e sardinhas para mim e pró Nés. Como o pêxe estava seco, tivemos que o ir regando com vinho branco à pressão. Consumido os medronhos (sim, tinham acabado de chegar dois tipos: com e sem eles….?!... – medronhos entenda-se) lá nos pusemos a caminho….e que caminho. Assim de repente não me lembro de retas, apenas grandes subidas e pequenas descidas. 

Silves - Monchique já na companhia do Nés

ainda houve tempo para gdes planos
Literalmente tipo montanha russa, mas sem aquelas merdas dos “g– force”. 
Apesar de não gostar de dar concelhos, prefiro dar distritos, esta é daquelas etapas que temos que ser “desportistas” e não gajos que gostam de fazer desporto e beber uns copos. Porque durante mais de 20kms feitos em constante sobe e desce e mais sobe do que desce ( no fundo passamos da cota 12 para a 766 nessa tarde) não passámos por nenhum abastecimento de água, originando algum desconforto físico e essencialmente psicológico, ao ponto de quando apanhámos alcatrão, termos mandado parar um carro com um casal de turistas para lhes pedir água ( que nos facultaram gratuitamente – Thanks, Bif Jonhny and Bif Walker!!).

Feito o serviço cívico (finalmente, escrevi qualquer coisa de útil) admito que a chegada lá acima foi mesmo emotiva ao ponto de quase me ter cagado todo, pois as cabras deixaram caganitas em todo o cruzamento (pronto, tinha que sair merda depois de ter feito uma coisa boa – epá isto faz-me lembrar a minha infância – um gajo sente-se elogiado e a seguir, numa caganeira cerebral, faz merda da grossa). 
Mas, é sem dúvida um local especial. Não me perguntem porquê; - o que é que atravessar aqueles calhaus com a bicicleta à mão, sujeito a dar um valente tralho, com vento frio comó catano (para não escrever mais caralho) tem de especial? Não sei, mas que tem, isso tem.
Ainda tentei de bicicleta, mas coiso...
- Esta merda tem uma vista!... parece o kilimanjaro - diz o africano.
- Já lá tiveste? – pergunto eu.
- Não!! tens problema?
O santo pregador e o outro que não se identificou
Mas é um local marcante. Ainda houve quem dissesse para encurtar caminho e que não valia a pena e não sei quê…claro que não vou dizer que foi o Nés.
Bom, depois foi um descida quase a roçar o downhill, só faltando as rampas (até acho que foi lá que vi uma ou duas, mas não tenho a certeza), num single coberto de folhas. 
A árvore já marcava as 8 da noite

Chegados lá abaixo estava o Nés com uma nova postura em cima da bike. 
Não, não foi trabalho de Photoshop
Ele com uma nova postura e eu com um caroço na roda traseira. O pneu começava a ceder (Kenda Karma, nunca mais!!), a bolha estava a ficar cada vez maior.
Chegámos perto das 20h, estava frio. Fomos para a pensão destinada e como ao almoço foi pêxe, à noite fomos para a entremeada de coentrada e mais uma vez, grelhada mista. O melhor medronho da volta estava aqui, no Restaurante Jardim das Oliveiras.
No último dia, depois de subirmos ao ponto mais alto do Allgarve, e já com o suporte de selim do Nés  bem fixo por sisal e elásticos ( e também o espigão que descia involuntariamente ), foi maioritariamente um dia de descidas, algumas delas esquisitas.

...a admirar a paisagem...
PUUUUUMMMM


Foi também caracterizado pelo muito vento que dificultava um pouco o andamento, mas foi essencialmente o dia do estoiro.  O primeiro deu-se à entrada Bensafrim, com o pneu a rebentar e a me deixar apeado. Felizmente estava ladeado pelo desenrascado Nés que em 20 minutos resolveu a questão, aparecendo com um pneu usado do melhor ciclista de Bensafrim, seu nome António.
Mas que granda vaca!!, durante tanto caminho inóspito, ter acontecido aqui! No meio do azar ainda houve muita sorte.





Resolvida a questão e após um belo caldo verde e uma maravilhosa bifana, no café Barbaro em Bensafrim, voltámos ao caminho em direção a Sagres.
Chegados a Vila do Bispo, tivemos que decidir. Ou voltamos já para Lagos, com toda a tranquilidade e ainda dá para comer uns caracóis antes de apanhar o comboio que partia às 19h20m, ou vamos até Sagres por estrada só mesmo para fechar a volta, uma vez que já não havia tempo para fazer a Via toda. Pelo simbolismo que tem uma aventura destas, achámos que deveríamos fechar a volta e chegar ao destino. 
Sagres à vista!!
E assim fomos até Sagres, para depois voltarmos pela mesma estrada até Vila do bispo, para de seguida embicarmos a Lagos.
Lá chegámos com uma folga de 30minutos sensivelmente, fomos buscar uma pizza hut, e às 22h08m saímos na estação de Castro Marim, que fica a cerca de 5kms da vila, para depois seguirmos pela IC27 até Alcoutim, a cerca de 39kms, onde ocorreu o segundo estoiro. Apesar de ainda termos conseguido encontrar um café aberto em Castro Marim, que nos reforçou com  tostas, o Nés acabou por estoirar e fazer grande parte do percurso numa luta contra ele mesmo ( e que acabou por conseguir ganhar), que curiosamente também tinha muitas descidas esquisitas.
Perto das 1h30m a sair da IC27

Felizmente, chegámos cedo a casa, perto das 6h00 e o balanço que podemos apurar é que eu perdi 1 kg e o Africano diz que não perdeu nem ganhou. O Nés apenas ganhou experiência.

Muito obrigado Rui e Nés!!!

JAS

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Volta domingueira com upgrade de peso


À medida que vamos ganhando experiência de vida damos mais valor aos ditados populares, aos avisos e conselhos dos mais velhos que nos deram e claro não ligamos, à experiência de quem nos rodeia. E quando existe alguém perto de nós pronto a ajudar quando solicitados temos que aproveitar e dar graças (antes graças que dinheiro),  por estarmos rodeados de bons amigos e boa gente. E está lenga lenga vem a propósito da ajuda que o exmo Ricardo Rosa me deu na conceção-execução do suporte de bagageiro que a algum tempo o anseava fazer.
E após a sua montagem e afinação, hoje foi o dia de teste. Uma voltinha na nossa serra, em condições de habitual btt, com uma carga extra de cerca de 4kg. Para já é, e parece-me que vai continuar a ser, o melhor sistema de transporte para bike de suspensão total, pois a carga assenta diretamente na roda traseira não forçando o amortecedor a movimentos estranhos. O meu maior receio, e isto acontece essencialmente na minha bicicleta por não ter espaço em cima do aperto rápido, é o esforço lateral que o próprio eixo está sujeito, podendo entortar e partir.
Em andamento sente-se exatamente a mesma coisa que uma bike semi rígida, onde apenas percebemos um peso extra e a bicicleta com esse peso é um único elemento. Quando usei o suporte de selim sentia-se imediatamente, sem utilizar estradas de trilho, o baloiçar da suspensão traseira, originando um maior desgaste e creio também movimentos comprometedores para a mesma.
Primeiro teste aprovadissímo, agora resta-me esperar que o desempenho desta solução se mantenha e que não esteja daqui a 15 dias a dizer cavalgadas desta merda do caralho.







Relativamente à volta de hoje, foi uma descoberta de 3 trilhos espectaculo na nossa serra. Logo e apenas por isso valeu bem a pena os arranhões nas pernas do Carlos. 

JAS

segunda-feira, 25 de março de 2013

Sintra 24mar2013


Enquanto uns ficam em casa a coçar a cabeça entre outras coisas e outros vão visitar a família a África, há quem vai praticando um pouco do desporto que une este grupo de amigos, grupo esse bastante dinâmico, tão dinâmico que me faz lembrar o efeito criado pelas rodas dos carros que em andamento e numa determinada velocidade parece que estão paradas… tal não é o movimento.
E desta vez como tínhamos a saudosa companhia do Nés, decidimos ir a Sintra, pois é um local onde se consegue andar em trilhos e estradões nesta altura de chuva quase diária e verdade seja dita, também temos que aproveitar a ausência do Rui e ir para os locais prediletos onde pudemos fazer voltas espetaculares. E mais uma que não falhou. Até parece que é sempre bom quando vamos para o mato. Já parecemos os caçadores, que andam a manhã inteira e não disparam um único tiro, mas é sempre bom. Mas, espera, eles têm o convívio do almoço ou do lanche, com lebres assadas ou queijinhos e chouriço com tinto fresquinho…Alto lá, mas nós também temos a paragem para o reforço com barritas de coiso, cubinhos de marmelada e suminho com sais minerais ou uma bananita.
A volta desta vez começou na subida da penha longa-Capuchos, fizemos os trilhos da praxe, encontrámos uns amigos do Nés, da quadrilha de BTT estupendos4ever, subimos à peninha, onde não nos queriam deixar passar por falhas de compreensão das funções de um colaborador de um evento de plantação de árvores, distintamente resolvido pelo nés, que mais à frente mandou um daqueles “distintos” em que até a bicicleta lhe deu um beijinho na face. Nada de demais, foi apenas o espalhafato, para quem viu, e pelo que me parece está tudo bem, pois se tecla no pc e no telemóvel e ainda ouve Dream theatre, é porque não lhe dói nada, nem a cabeça.
Depois, voltámos aos capuchos derivámos para o castelo e decidimos ir explorar no regresso ao carro, tendo escolhido um percurso que ninguém conhecia, onde começou por uma daquelas poças, que nós tanto gostamos e acabou com dois rotebuleres ou pitvaileres, já nem os sei distinguir, atrás de nós a esfregarem as patas e a babarem-se da sorte que lhes tinha calhado, mas felizmente apareceram os donos que deviam estar a fazer um filme porno. - “Porquê que eu digo isso?”
- Já alguma vez viram uma mecânica de fato de macaco, com chaves de sextavada na mão, pintada, bonita e boa com um VW de capot aberto? Um VW com o capot aberto é só para meter água no depósito do limpa vidros…
Bom até casa ainda deu para meter inveja aos caçadores e ir comprar umas queijadinhas de Sintra. Felizmente ainda temos alguém a defender o bom nome do BTT e mostrarmos que este desporto também é praticado por homens de barba rija como nós.
JAS

domingo, 20 de janeiro de 2013

Italiana no cabeço


Tal como todos nós que por cá andamos, as voltas também têm as suas histórias. Umas mais dramáticas, outras mais entusiastas, outras iguais a muitas outras, outras com uma história sem história. Esta volta foi uma daquelas com uma história dos tomates, daquelas que me vai ficar para a memória. E não o foi por o Rui ter gaguejado comó camandro, foi mesmo por uma meia dúzia de minutos que me fez subir o ego, que ultimamente tem andado lá em baixo.
Na subida da estrada Bucelas-Cabeço da Rosa, quando estávamos a passar junto da entrada da construtora do Tâmega, começamos a ouvir um zumzum a aproximar-se. Olhámos para trás e observámos uma italiana bem encorpada a aproximar-se. Vinha de verde, bem equipada, em esforço, mas com uma expressão incólume, como se nada estivesse a acontecer (e não estava, apenas sou eu a fazer um granda filme), bem vistosa, digamos que daquelas que temos que desembolsar uns 2.000€ para dar umas voltinhas. Assim que sentimos a sua aproximação, digo ao Rui: “Embora, encosta à roda!!”. Aumento a cadência, para conseguir entrar no cone, mas ela começou a demorar a aproximação. Espreitei no canto do olho e confirmo que o seu ritmo estava abaixo da cadência que apliquei. Percebendo que poderia disputar mais uma taça para o meu museu, comecei a pensar que aquela aproximação repentina merecia uma picardia e assim foi. Continuei com o ritmo aumentando-o progressivamente, enquanto a subida se tornava cada vez mais íngreme  Fui tentando manter o ritmo elevado, conseguindo perceber que a distância entre eu e a italiana aumentava, estando esta cada vez mais em esforço, a adivinhar pelas suas constantes mudanças de engrenagens que ainda assim conseguia ouvir. Já com a topo da subida à vista, que quem anda nestas andanças deduz que a meta é aí, depois de uma curva à direita e com a inclinação a diminuir, senti uma ligeira aproximação tendo que, já num esforço a roçar o desmaio, aumentar ainda mais o ritmo. Os últimos 50m pareciam 500, nunca mais chegava ao fim e sentia que podia quebrar a qualquer momento, sendo a pressão da italiana constante e numa aproximação progressiva. Já apenas olhava para o alcatrão, não levantava a cabeça para não perder a concentração. Mais um esforço e VITÓRIA!!!!, festejada efusivamente. Consegui!! A Italiana pouco ou nada me ligou, sempre com uma fachada sem expressão, com um andamento elegante e recto  Nem um ciao, nem um bacamarte, nem um sinal. Esperei um pouco pelo Afro sacavenense Lapierre que assistiu ao desafio ainda tentou encostar-se à italiana, mas sem sucesso (acho que ainda rugiu nessa aproximação). Perguntei-lhe se tinha tirado uma foto (disse-me que se tinha esquecido de mudar o rolo) e lá nos fizemos ao restante caminho, comigo todo contente e com os créditos todos em alta.
Sempre por estrada até Sacavém, já pensava em como conseguir contar esta história a quem não estava presente. E para terem ideia da italiana, ainda fui procurar na net se ela era conhecida, pois para andar por estas bandas, tem mesmo que o ser. Não foi difícil, apereceram várias imagens, reconhecia-a de imediato: foto italiana
JAS

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Volta dos pastéis, sem pastéis, mas com café e bica


Há dias em que ainda antes de acordarmos já sabemos que não nos vai correr muito bem. E este domingo foi um desses tristes dias.
Comecei por acordar tarde, face à hora combinada, o que me obrigou a vestir e a arranjar tudo à pressa para minimizar o atraso. 
Nos arranjos da indumentária (por vezes parece que vamos para fora de casa durante uma semana) visto primeiro o jersey e depois o casaco, no fim as calças, mas as calças têm alças, logo tenho que tirar o casaco, que desta vez por acaso foram dois, colocar as calças e voltar a vestir os casacos; depois é o resto do equipamento – a corrente que tem que levar óleo, mas a bike está no chão e ao rodar com o pedaleiro para trás a corrente sai do sitio e encrava o desviador porque as mudanças estão cruzadas. Levanto a roda de trás e volta a engrenar tudo novamente. Rodo mais um pouco com a pedaleira para trás e enrola novamente. Claro que à segunda já penso um bocado e descruzo a corrente metendo as mudanças de trás e da fte no meio. Depois começo a calçar as luvas e percebo que me falta o capacete. Como as luvas são grossas tenho que as tirar para encaixar o fecho do mesmo. Já estou a sair de casa percebo que ainda me faltam os sapatos. Tiro as luvas novamente que voltara a calçar, para tirar a chave do bolso do jersey, pois já tinha fechado a porta da arrecadação. Tiro os óculos que já estão a embaciar, e coloco-os em cima do selim, juntamente com as luvas. Calço-me, fecho a porta, pego nas luvas…e lá vão os meus óculos de 830€, comprados no Lidl… capute, mesmo no meio da haste. Lá tive que abrir novamente a porta para buscar outros que adquiri na mesma loja duas semanas antes, mas de menor valor (410€), de lentes com muita vitamina C.
Vá lá que, apesar de estar tudo à minha espera, apenas me atrasei 4m03s. Ninguém reclamou, menos mau.
Sensivelmente a meio da volta, na tão esperada paragem para o café, ou bica para alguns, surge a segunda grande desilusão do dia...os pastéis de belém ainda não tinham chegado - o pasteleiro deve ter um despertador igual ao meu, que só toca músicas de embalar.
Nessa altura devia ter ido embora, diretamente para casa, mas não… continuei com o Carlos, o Rui e o João na voltinha em Monsanto, onde descobri que dois desses afinal eram duas gajas (um diz direita, o outro diz esquerda que por ali era melhor... em todas as bifurcações ou cruzamentos).
E o pior ainda estava para vir.
Começou a descer a avenida da Liberdade, onde momentaneamente esqueci-me que afinal a minha bike tem 9 velocidades atrás e não 8, mas felizmente ainda fui conseguindo equilibrar a picardia. Foi um mau perságio para o que me iria acontecer já ao chegar a Sacavém.
Depois de um arranque em tons agressivos do gajo do costume, tipo caniche quando está ao pé do dono, lá tive que levantar o rabo do selim e acalmar o gajo, que sorrateiramente e já mesmo a chegar ao destino, quando estava eu e o Carlos a conversar, nos apanhou e nos ultrapassou não havendo espaço para a recuperação… é verdade, o afro-sacavenense Lapierre ganhou-me uma picardia (se bem que no modo aciganado), mas que ganhou isso não posso negar. Depois de tanto matutar, de fazer várias experiências, inclusivamente com a minha bike e tb a do Carlos, deve ter descoberto o segredo que tanto tempo consegui guardar, que agora vou divulgar… tirar um dente ao carreto de 11.
JAS