Mesmo passados 16 dias do término da aventura, ainda nem sei
muito bem o tipo de relato a descrever: duas ou três linhas com muitas fotos,
com meia dúzia de larachas por lá metidas, ou um texto formal a descrever o
dia-a-dia das jornadas, com o itinerário todo espamparado, pronto para ser
publicado numa revista on-line? Gostava que o publicassem, mas aí não posso
dizer caralhadas algumas imbecilidades, e no fundo deixaria de ser eu a
contar a minha história.
E como ainda estou com um melão do caralho enorme ( FODA-SE!!!!!
BOLAS, perder no ultimo minuto num golo marcado por um primo do africano que
não joga um peido muito bem, é FUDIDO MUITO ABORRECIDO), já não
me apetece escrever mais nada.
Vou postar umas fotos e que se FODA VOU VER A
NOVELA!!
Bom, agora que já estou a acabar o 2º cálice de medronho e
já estou mais calmo, vou tentar escrever algo sobre a Via Algarviana. Mas,
primeiro é melhor redimir os palavrões para puder ser editável, porque ainda
tenho alguma esperança de ver um relato meu numa revista. Tal como a esperança
de ver o Paços de Ferreira a tirar pontos ao FCP. Olha o que é que eu devia me
lembrar!! Foda-se, tou mesmo todo queimadinho, c´um caralho!!! Vou beber mas é
um submarino para ver se isto passa.
Vira-se o Africano para mim:
- ó Zé!! Tive a falar
com a dama sobre a eventualidade da minha ausencialidade durante os 4 dia nos
feriado para dar uns volta desbicicreta. Quer vir? - ( eu como lido com ele há
muito tempo, percebi logo o que ele quis dizer.)
- Então e vamos aonde?
- Sei lá! Eu quero é sair de casa e andar desbicicreta! Podi
ser Aveiro, ou …
- Olha, vou perguntar ao Nés o que recomenda. - disse eu.
Depois do guru das voltas ter recomendado a via algarviana, ou
eventualmente a ecovia do litoral, não apenas pela sua misticidade, mas também
pelas condições dos trajetos, que a Norte poderão estar intransitáveis, testemunhado
por ele numa tentativa de volta durante a Páscoa, falei com o africano que
rapidamente concordou:
- vias esgarviana? É isso memo! Vamo primeiramente preparar
mentalmente e fisicamente a nós, seguidamente de compreender o percurso para
oportunamente tratar de seguida dos logista, falar com todo os companheiro e
vamo!
Então, a primeira coisa a tratar seria a logística. Antes de
pensarmos muito e sequer de fazer perguntas já tínhamos todas as respostas!!! É
verdade, não estou a exagerar.
O “trata-me lá disso” já tinha tratado disso:
- Vão de carro até Alcoutim (ponto de partida), dormem na
pousada da juventude, de manhã partem para Cachopo, onde vão pernoitar numa
escola primária, na etapa seguinte ficam na casa do povo de São Bartolomeu de
Messines, no 3º dia vão almoçar em Silves, onde eu vou ter com vocês , vamos
dormir em Monchique, para no 4º dia fazer a loucura de chegar a Sagres, voltar
para Lagos por estrada para apanhar o comboio que nos leva até Castro Marim
para pegarmos nas bikes e irmos até ao carro. Não vai ser fácil, mas para fazer
o caminho em 4 dias, só pode ser assim!! – Atenção que reduzi bastante o texto,
porque na realidade apresentou os kms de cada etapa, o nome das pessoas com
quem iriamos contatar, o horário dos comboios…quem o conhece “(…)sabe de quem
estou a falar”.
E bem dito bem feito. Tirando a dormida na pousada de
juventude em Alcoutim, foi exatamente isso que fizemos. Optámos por arrancar no
25 de Abril às 5h30m de Lisboa, para às 11h00 começarmos a andar de bicicleta.
Km 0 - No cais de Alcoutim |
Como o primeiro dia eram 70kms, pensámos que às 18h, o mais tardar, estaríamos
em Cachopo.
A paisagem predominante |
Chegados a Casas Baixas lá estava a dona Otília à nossa
espera, que também aguardava os outros 5+2. Se fosse combinado não tinha
corrido tão bem, pois chegámos todos praticamente à mesma hora. Já estava a
anoitecer e a D. Otília propôs levar-nos na carrinha até à aldeia, pelo que
aceitámos, apesar de desvirtuarmos a volta sem essa ligação, mas isso poderia ser ultrapassado pois poderíamos
voltar para trás no dia seguinte, se pensássemos que esse facto iria pesar a
nossa consciência.
Felizmente fomos para uma casa que tinha tv e assim consegui
ir vendo o jogo enquanto o africano se aprontava.
A bela casa onde pernoitámos no 1º dia |
Aliás foi aí que desmistifiquei
o motivo do africano ser branco… pelo tempo que demora a tomar banho percebi
que na realidade ele nasceu mesmo preto, mas com tanta esfrega no banho, foi
perdendo cor.
Nestas povoações pensamos que vamos encontrar na ementa
aquelas maravilhas gastronómicas que dão bom nome à nossa cozinha, mas isso só
acontece quando reservamos com antecedência… e mesmo assim não é fácil. Chegadas
a horas tardias, não nos podemos esquecer que onde estamos não há muita/mais
oferta, temos que nos sujeitar ao que se consegue fazer. E nesse dia calhou-nos
umas costeletas de porcas grelhadas. Foi encher o bandulho até mais não, provar
o medronho do chefe e ir para a caminha.
Como nota durante esse percurso de 70kms, feitos num
feriado, passámos por cerca de 2 cafés, que estavam fechados. Para comermos
qualquer coisa à hora de almoço, tivemos que nos desviar cerca de 2kms.
Felizmente nas aldeias por onde passámos havia sempre um chafariz de água para
nos abastecer, situação regular em toda a Via Algarviana, exceto entre Silves e
Monchique.
São bastantes os Oceanos que atravessamos |
Na manhã seguinte e após o pequeno-almoço tomado no mesmo
café/restaurante e quando já estávamos a abordar ao caminho, mas ainda
indecisos se voltávamos ou não para trás, aparece a D. Otília na sua pick-up a
perguntar se queríamos que nos levasse ao local de chegada de ontem. Claro,
vamos nessa!! Ainda para mais, essa viagem foi feita em cima da caixa aberta
com uma mão a segurar a bike e outra a segurarmo-nos Na carrinha. Sentimo-nos
uns surfistas no asfalto, elevando a adrenalina nalgumas curvas e travagens. Espetáculo!!!
Durante a surfada asfáltica |
Acho que este segundo dia foi o mais longo dos quatro. E foi
aquele que senti sendo o mais produtivo, onde os kms foram todos na mesma direção,
ao contrário do primeiro dia onde se sente claramente que andamos a contornar locais.
Neste dia passámos por diferentes morfologias de terreno onde inclusivamente
atravessamos alguns singles, já que a Via é maioritariamente definida por
estradão.
Umas das muitas singles ?!- Estranho, então mas não são únicas? |
Depois de muito subir e descer, transpor e rolar lá chegámos ao
destino. Mas antes, mesmo um bocadinho antes, o Africano falou (é verdade só
agora falou):
- Quando chegarmos ao bartu-meu vamo procurar lugar para
lavar osbicicreta para besuntála com óleo solar que o africano não gosta de
frito, mas gosta de sol.
Africano quasi no lusco-fusco |
Bem dito, bem feito!, assim que saímos dos trilhos para entrarmos
na vila, desembucámos precisamente numa estação de lavagem manual, ou “ilifante
branco”, como lhe chama o africano.
Lavadas as bichezas, dirigimo-nos para a casa do povo e é
então que após a passagem numa montra, o africano volta a falar:
- hoje quero fuder galinha!!
- boa ideia. - respondi eu.
E fomos comer frango da guia em São Bartolomeu de Messines,
na Churrasqueira Fatinha. Lá estava também o grupo de 5 já a meio da refeição e
a ver o Estoril-Braga.
Mais uma vez, foi encher a mula até mais não, beber um
medronho, um não!! dois ou três, que este estava bom, e depois de uma pequena
caminhada, caminha que amanhã temos uma serra para subir.
E lá fomos para a jorna mais complicada delas todas. O início
da manhã foi rolante, em torno da barragem do Funcho, para no final começarmos
a subir e depois descer em direção a Silves, onde nos encontrávamos com o
ilustre Nés.
Panoramica da serra |
E mais uma vez, e por incrível que pareça, chegámos todos ao mesmo
tempo! É Verdade!! Estávamos a perguntar onde eram os bombeiros e lá aparece um
gajo todo speedado a dizer uma merda qualquer tipo: EESSSPECTÁÁÁCULO!!!
Desta vez até tivemos direito a almoço, que nos anteriores
apenas degustámos bifanas e sandes. Carapau assado para o africano e sardinhas
para mim e pró Nés. Como o pêxe estava seco, tivemos que o ir regando com vinho
branco à pressão. Consumido os medronhos (sim, tinham acabado de chegar dois
tipos: com e sem eles….?!... – medronhos entenda-se) lá nos pusemos a
caminho….e que caminho. Assim de repente não me lembro de retas, apenas grandes
subidas e pequenas descidas.
Silves - Monchique já na companhia do Nés |
ainda houve tempo para gdes planos |
Literalmente tipo montanha russa, mas sem aquelas
merdas dos “g– force”.
Apesar de não gostar de dar concelhos, prefiro dar
distritos, esta é daquelas etapas que temos que ser “desportistas” e não gajos que
gostam de fazer desporto e beber uns copos. Porque durante mais de 20kms feitos
em constante sobe e desce e mais sobe do que desce ( no fundo passamos da cota 12 para a 766 nessa tarde) não passámos por nenhum
abastecimento de água, originando algum desconforto físico e essencialmente psicológico,
ao ponto de quando apanhámos alcatrão, termos mandado parar um carro com um
casal de turistas para lhes pedir água ( que nos facultaram gratuitamente –
Thanks, Bif Jonhny and Bif Walker!!).
Feito o serviço cívico (finalmente, escrevi qualquer coisa
de útil) admito que a chegada lá acima foi mesmo emotiva ao ponto de quase me
ter cagado todo, pois as cabras deixaram caganitas em todo o cruzamento
(pronto, tinha que sair merda depois de ter feito uma coisa boa – epá isto
faz-me lembrar a minha infância – um gajo sente-se elogiado e a seguir, numa
caganeira cerebral, faz merda da grossa).
Mas, é sem dúvida um local especial.
Não me perguntem porquê; - o que é que atravessar aqueles calhaus com a
bicicleta à mão, sujeito a dar um valente tralho, com vento frio comó catano
(para não escrever mais caralho) tem de especial? Não sei, mas que tem, isso
tem.
Ainda tentei de bicicleta, mas coiso... |
- Esta merda tem uma vista!... parece o kilimanjaro - diz o
africano.
- Já lá tiveste? – pergunto eu.
- Não!! tens problema?
Mas é um local marcante. Ainda houve quem dissesse para
encurtar caminho e que não valia a pena e não sei quê…claro que não vou dizer
que foi o Nés.
O santo pregador e o outro que não se identificou |
Bom, depois foi um descida quase a roçar o downhill, só
faltando as rampas (até acho que foi lá que vi uma ou duas, mas não tenho a
certeza), num single coberto de folhas.
A árvore já marcava as 8 da noite |
Chegados lá abaixo estava o Nés com uma
nova postura em cima da bike.
Não, não foi trabalho de Photoshop |
Ele com uma nova postura e eu com um caroço na
roda traseira. O pneu começava a ceder (Kenda Karma, nunca mais!!), a bolha
estava a ficar cada vez maior.
Chegámos perto das 20h, estava frio. Fomos para a pensão
destinada e como ao almoço foi pêxe, à noite fomos para a entremeada de
coentrada e mais uma vez, grelhada mista. O melhor medronho da volta estava
aqui, no Restaurante Jardim das Oliveiras.
No último dia, depois de subirmos ao ponto mais alto do
Allgarve, e já com o suporte de selim do Nés
bem fixo por sisal e elásticos ( e também o espigão que descia
involuntariamente ), foi maioritariamente um dia de descidas, algumas delas
esquisitas.
...a admirar a paisagem... |
PUUUUUMMMM |
Foi também caracterizado pelo muito vento que dificultava um pouco
o andamento, mas foi essencialmente o dia do estoiro. O primeiro deu-se à entrada Bensafrim, com o
pneu a rebentar e a me deixar apeado. Felizmente estava ladeado pelo
desenrascado Nés que em 20 minutos resolveu a questão, aparecendo com um pneu
usado do melhor ciclista de Bensafrim, seu nome António.
Mas que granda vaca!!, durante tanto caminho inóspito, ter
acontecido aqui! No meio do azar ainda houve muita sorte.
Resolvida a questão e após um belo caldo verde e uma maravilhosa
bifana, no café Barbaro em Bensafrim, voltámos ao caminho em direção a Sagres.
Chegados a Vila do Bispo, tivemos que decidir. Ou voltamos
já para Lagos, com toda a tranquilidade e ainda dá para comer uns caracóis antes
de apanhar o comboio que partia às 19h20m, ou vamos até Sagres por estrada só
mesmo para fechar a volta, uma vez que já não havia tempo para fazer a Via
toda. Pelo simbolismo que tem uma aventura destas, achámos que deveríamos
fechar a volta e chegar ao destino.
Sagres à vista!! |
E assim fomos até Sagres, para depois
voltarmos pela mesma estrada até Vila do bispo, para de seguida embicarmos a
Lagos.
Lá chegámos com uma folga de 30minutos sensivelmente, fomos
buscar uma pizza hut, e às 22h08m saímos na estação de Castro Marim, que fica a
cerca de 5kms da vila, para depois seguirmos pela IC27 até Alcoutim, a cerca de
39kms, onde ocorreu o segundo estoiro. Apesar de ainda termos conseguido encontrar
um café aberto em Castro Marim, que nos reforçou com tostas, o Nés acabou por estoirar e fazer
grande parte do percurso numa luta contra ele mesmo ( e que acabou por conseguir
ganhar), que curiosamente também tinha muitas descidas esquisitas.
Perto das 1h30m a sair da IC27 |
Felizmente, chegámos cedo a casa, perto das 6h00 e o balanço
que podemos apurar é que eu perdi 1 kg e o Africano diz que não perdeu nem
ganhou. O Nés apenas ganhou experiência.
Muito obrigado Rui e Nés!!!
JAS
....CUM KATANBO! (catano em africano, c...)
ResponderEliminarAtã num há kem komente esta grandiosa aventura???
Tâ Mas é todos a roer-se... para a próxima há mais... eu, por via das dúvidas achei que era chegada a altura de me começar a mexer, e vai daí recomecei a andar de bicicleta para o bules, para ver se para a próxima não sofro tanto...dass que aquela jornada nocturna foi fudida!
Parabéns aos aventureiros e ao righter....é isto, acho...lol
Mexe-te que bem precisas!!! lol.
ResponderEliminarGrande aventura, esta. Passou tudo bastante rápido, nem pareceu que andámos durante 4 dias.
Vamos já pensar na próxima que espero ser ainda este verão!!
Muitos parabéns por mais uma fantástica viagem.
ResponderEliminarMuito bom, tirando a parte do sobe, sobe e pouco desce.
Tanto tempo pá! Fogo! Ainda por cima não diz nada.
ResponderEliminarÉ preciso um gajo ir-lhe levar as fotos e filmes (sim porque durante 4 dias foi o meu modelo fotográfico), (lá pelo meio apareceu outro), para se ficar a saber que já havia reláto da Algarviana.
É de valor e de valorizar, enquanto um, adia dia para dia, arranjar um software para baixar a resolução das fotos e filmes para as publicar (e entretanto resolve, é melhor ir lá levá-las se não quando ele as vir vai achar-se velho) o outro escreve duas mãos cheias de Caral.../Alarvidades/e um cheirinho do que realmente foi.
Depois de resolver um problema interno, "vou contar, não vou", "não vou dizer asneiras, mas assim não gosto!", "como é que eu conto tudo?, se quisessem saber, fossem!" e de ter rasgado todas as fotos do Jesus "Treinador" que tinha nos jornais lá de casa e o cartão de sócio do Benfica e voltádo a colá-lo 10 vezes seguidas, lá começou a sair qualquer coisa - Muito Bom!
Não vou acrescentar para já nada ao reláto, primeiro para não estragar e depois já é muito tarde, são 24h40m (acrescento depois contando os pormenores enquanto pedalamos aos Domingos, se aparecerem e quiserem saber alguma coisa e se eu for e me apetecer contar).
Só tenho a acrescentar que a próxima grande volta já sei aonde vai ser.
Vai ser em África, para este Pulas de Meda aprende a Escreve e Falá Áfricano.
Beijos.
LOL, sabes que nem o meu português é o melhor, tirando as asneiras que sei dizê-las e escrevê-las muito bem (e até inventar algumas), quanto mais africananês. Quanto à próxima volta lá nos terra, trata lá disso!! Podes acrescentar qq coisa que não estragas nada.
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