domingo, 20 de janeiro de 2013

Italiana no cabeço


Tal como todos nós que por cá andamos, as voltas também têm as suas histórias. Umas mais dramáticas, outras mais entusiastas, outras iguais a muitas outras, outras com uma história sem história. Esta volta foi uma daquelas com uma história dos tomates, daquelas que me vai ficar para a memória. E não o foi por o Rui ter gaguejado comó camandro, foi mesmo por uma meia dúzia de minutos que me fez subir o ego, que ultimamente tem andado lá em baixo.
Na subida da estrada Bucelas-Cabeço da Rosa, quando estávamos a passar junto da entrada da construtora do Tâmega, começamos a ouvir um zumzum a aproximar-se. Olhámos para trás e observámos uma italiana bem encorpada a aproximar-se. Vinha de verde, bem equipada, em esforço, mas com uma expressão incólume, como se nada estivesse a acontecer (e não estava, apenas sou eu a fazer um granda filme), bem vistosa, digamos que daquelas que temos que desembolsar uns 2.000€ para dar umas voltinhas. Assim que sentimos a sua aproximação, digo ao Rui: “Embora, encosta à roda!!”. Aumento a cadência, para conseguir entrar no cone, mas ela começou a demorar a aproximação. Espreitei no canto do olho e confirmo que o seu ritmo estava abaixo da cadência que apliquei. Percebendo que poderia disputar mais uma taça para o meu museu, comecei a pensar que aquela aproximação repentina merecia uma picardia e assim foi. Continuei com o ritmo aumentando-o progressivamente, enquanto a subida se tornava cada vez mais íngreme  Fui tentando manter o ritmo elevado, conseguindo perceber que a distância entre eu e a italiana aumentava, estando esta cada vez mais em esforço, a adivinhar pelas suas constantes mudanças de engrenagens que ainda assim conseguia ouvir. Já com a topo da subida à vista, que quem anda nestas andanças deduz que a meta é aí, depois de uma curva à direita e com a inclinação a diminuir, senti uma ligeira aproximação tendo que, já num esforço a roçar o desmaio, aumentar ainda mais o ritmo. Os últimos 50m pareciam 500, nunca mais chegava ao fim e sentia que podia quebrar a qualquer momento, sendo a pressão da italiana constante e numa aproximação progressiva. Já apenas olhava para o alcatrão, não levantava a cabeça para não perder a concentração. Mais um esforço e VITÓRIA!!!!, festejada efusivamente. Consegui!! A Italiana pouco ou nada me ligou, sempre com uma fachada sem expressão, com um andamento elegante e recto  Nem um ciao, nem um bacamarte, nem um sinal. Esperei um pouco pelo Afro sacavenense Lapierre que assistiu ao desafio ainda tentou encostar-se à italiana, mas sem sucesso (acho que ainda rugiu nessa aproximação). Perguntei-lhe se tinha tirado uma foto (disse-me que se tinha esquecido de mudar o rolo) e lá nos fizemos ao restante caminho, comigo todo contente e com os créditos todos em alta.
Sempre por estrada até Sacavém, já pensava em como conseguir contar esta história a quem não estava presente. E para terem ideia da italiana, ainda fui procurar na net se ela era conhecida, pois para andar por estas bandas, tem mesmo que o ser. Não foi difícil, apereceram várias imagens, reconhecia-a de imediato: foto italiana
JAS

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Volta dos pastéis, sem pastéis, mas com café e bica


Há dias em que ainda antes de acordarmos já sabemos que não nos vai correr muito bem. E este domingo foi um desses tristes dias.
Comecei por acordar tarde, face à hora combinada, o que me obrigou a vestir e a arranjar tudo à pressa para minimizar o atraso. 
Nos arranjos da indumentária (por vezes parece que vamos para fora de casa durante uma semana) visto primeiro o jersey e depois o casaco, no fim as calças, mas as calças têm alças, logo tenho que tirar o casaco, que desta vez por acaso foram dois, colocar as calças e voltar a vestir os casacos; depois é o resto do equipamento – a corrente que tem que levar óleo, mas a bike está no chão e ao rodar com o pedaleiro para trás a corrente sai do sitio e encrava o desviador porque as mudanças estão cruzadas. Levanto a roda de trás e volta a engrenar tudo novamente. Rodo mais um pouco com a pedaleira para trás e enrola novamente. Claro que à segunda já penso um bocado e descruzo a corrente metendo as mudanças de trás e da fte no meio. Depois começo a calçar as luvas e percebo que me falta o capacete. Como as luvas são grossas tenho que as tirar para encaixar o fecho do mesmo. Já estou a sair de casa percebo que ainda me faltam os sapatos. Tiro as luvas novamente que voltara a calçar, para tirar a chave do bolso do jersey, pois já tinha fechado a porta da arrecadação. Tiro os óculos que já estão a embaciar, e coloco-os em cima do selim, juntamente com as luvas. Calço-me, fecho a porta, pego nas luvas…e lá vão os meus óculos de 830€, comprados no Lidl… capute, mesmo no meio da haste. Lá tive que abrir novamente a porta para buscar outros que adquiri na mesma loja duas semanas antes, mas de menor valor (410€), de lentes com muita vitamina C.
Vá lá que, apesar de estar tudo à minha espera, apenas me atrasei 4m03s. Ninguém reclamou, menos mau.
Sensivelmente a meio da volta, na tão esperada paragem para o café, ou bica para alguns, surge a segunda grande desilusão do dia...os pastéis de belém ainda não tinham chegado - o pasteleiro deve ter um despertador igual ao meu, que só toca músicas de embalar.
Nessa altura devia ter ido embora, diretamente para casa, mas não… continuei com o Carlos, o Rui e o João na voltinha em Monsanto, onde descobri que dois desses afinal eram duas gajas (um diz direita, o outro diz esquerda que por ali era melhor... em todas as bifurcações ou cruzamentos).
E o pior ainda estava para vir.
Começou a descer a avenida da Liberdade, onde momentaneamente esqueci-me que afinal a minha bike tem 9 velocidades atrás e não 8, mas felizmente ainda fui conseguindo equilibrar a picardia. Foi um mau perságio para o que me iria acontecer já ao chegar a Sacavém.
Depois de um arranque em tons agressivos do gajo do costume, tipo caniche quando está ao pé do dono, lá tive que levantar o rabo do selim e acalmar o gajo, que sorrateiramente e já mesmo a chegar ao destino, quando estava eu e o Carlos a conversar, nos apanhou e nos ultrapassou não havendo espaço para a recuperação… é verdade, o afro-sacavenense Lapierre ganhou-me uma picardia (se bem que no modo aciganado), mas que ganhou isso não posso negar. Depois de tanto matutar, de fazer várias experiências, inclusivamente com a minha bike e tb a do Carlos, deve ter descoberto o segredo que tanto tempo consegui guardar, que agora vou divulgar… tirar um dente ao carreto de 11.
JAS