sábado, 6 de fevereiro de 2021

Venha de lá uma história

Ontem acordei com uma vontade imensa de dizer umas merdas e como não posso faze-lo no trabalho, venho aqui, neste blog habituado a esses conteúdos, satisfazer o meu desejo.

Claro que poderia perfeitamente abrir a janela do carro, enquanto atravesso a ponte Vasco da Gama em direção ao meu local de trabalho, e debitar uns impropérios à bicharada que habita no rio, mas depois penso que a malta da apanha da ameijoa não tem que levar com a minha má-criadice e com o meu mau feitio.

 

Apesar de durante a pandemia vigente não ter ficado em casa (ainda bem), tenho sentido falta de algum convívio que me permita soltar a minha angústia interior, provocada pelas tardes de sábado e de domingo, que nada faço porque não me apetece, e essencialmente porque o governo não me deixa fazer (adoro esta desculpa), além de ver séries e filme, acompanhados da minha garrafinha de 1,5l de água, mais um pacote de bolachas, uns tremoços, uns pistachos, uns quadradozinhos de chocolate, um geladinho, um pacote de batatas fritas, umas bolachas de água e sal, umas pipocas doces, uma maça ou outra peça de fruta metida no meio para não abusar das guloseimas e dos salgados, mais um iogurte e uns cereais, e quando fico mesmo cansado de me andar sempre a levantar, ora para comer, ora para mijar, um pão com manteiga para encher o bucho e ficar completamente cheio, de tal modo que até evito de arrotar, para a comida que está no estomago, há horas a tentar ser digerida, não sair em repuxo pela boca. Felizmente estou em casa durante a tarde, apenas ao fim de semana.

Admiro alguns que, nesta fase de confinamento, pegam na bicicleta e, esteja chuva, esteja sol, vão dar a sua voltinha ou maratona para manter e ganhar forma… ou outros que, como não andam à chuva, vão dar sangue. Sinceramente gostava de ser assim, apesar de desconfiar que esses gajos que vão dar sangue, apenas o fazem para trazerem um pacote de bolachas, uma vez que as filhas esconderam as que tinham lá em casa com medo que o pai as coma, ou até já me passou pela cabeça, com medo que o pai me convide para ir lá a casa.

“E porque é que em vez de estares a ver séries e filmes, e comeres aquelas porcarias todas, estás para aqui a escrever merdas sem jeito nenhum, a incomodares a nossa paciência e o nosso bem estar?” – perguntam vocês… ora aí está uma boa pergunta. É que isto de andarmos sozinhos, tem umas coincidências inexplicáveis e por incrível que pareça, encontramo-nos todos inúmeras vezes, ocasionalmente, durante a nossa volta individual de bicicleta. É verdade!!! E pelo que parece, são coincidências que não acontecem apenas às pessoas que envergam a tão bela e esfarrapada, e larga, e incolor camisola deste grupo de ciclistas. Agora até temos elementos que acontece isto duas vezes por semana, lá com uns amiguinhos que nem alcunhas sabem por uns aos outros… Isto das alcunhas, vem a propósito, do propósito de vir para aqui escrever umas merdas, uma vez que agora tenho uma nova alcunha. Deixei de ter a que tinha para passar a ter outra…

“Foda-se, mas estás para aí a empatar e dizer mais merda atrás de merda, e a quereres te armar em escritor misterioso (…)” (se fosse eu a dizer isto, invocava um nome de um escritor do género pouco conhecido, mas muito aclamado pela classe…, mas como quem está a dizer isto são vocês que não percebem nada de literatura, tenho que transcrever o que estão a pensar) “(…) e a demorares tempo comó caralho, para dizeres a tua nova alcunha!! Vais dizer ou não!? Olha que se demorares muito tempo, não leio o resto!!”

Bom, com essa ameaça (e depois sou eu que tenho mau feitio!!), a vontade que tenho é parar de escrever e ir para o sofá deitar-me e ligar a tv, mas como ainda estou a fazer a digestão do sushi com batatas fritas, vou continuar e fingir que não me interromperam o raciocínio… hum, onde é que eu estava?...

Já sei!! Portanto, eu tinha uma alcunha que alguém me colocou e depois alguém me colocou outra... isto depois de outros terem também ficado com novas alcunhas, nomeadamente o bidébuchas, o bidérrompe e o bidélentejano... e isto, numas dessas coincidências ocasionais de domingo, onde alguém, sinceramente nem me lembro de quem, mas desconfio, começou a fazer acrónimos (como se percebe, os nossos ajuntamentos são de uma vivaça e mordaz convivência cultural linguística, que já dá para perceber porque é somos tão poucos) e saiu disto.

E como me atribuíram o bidéstórias, tinha que vir para aqui escrever umas merdas para o outro me interromper o raciocínio, o outro mandar umas buchas nos comentários e para o alentejano dizer que não consegue abrir ou escrever na página.

Amplexos e ósculos!


JAS