domingo, 29 de agosto de 2010

Maria - O Outro Lado da História

Se existe um “ ajuntamento “ de homens que praticam BTT e decidiram auto-denominar-se “ Fuga da Maria “, existirão, como calculam, as referidas Marias.

E, não falando por todas, posso assegurar-vos que existem Domingos de manhã ( e às vezes meia tarde ), que se transformam num verdadeiro inferno, sem paisagens, subidas, descidas e contemplações, mais propícios à passagem de um tornado ou a assemelharem-se à destruição gentilmente patrocinada por um terramoto.

Domingo ( um qualquer )…

7.30h – Toca o despertador. Raios partam os despertadores que tocam aos Domingos de madrugada. Raios partam os maridos que reclamam por se levantarem a esta hora para trabalhar mas continuam a levantar-se a esta hora aos Domingos, e a acordar as respectivas Marias.

8h – A porta bate. Raios partam quem saiu e me deixou acordada num Domingo de madrugada. Começo a rezar três Avê Marias e quatro Pai Nossos, na esperança que acreditem que sou religiosa e que as crianças durmam mais umas horas.

8.05h – O Alexandre reclama. Não tive tempo de rezar os Pai Nossos. A Daniela acorda e querem comer os dois. Choram e não sei a quem acudir primeiro. Começou o terramoto e ainda não posso fazer um balanço dos estragos.

8.10h – Detesto aquela bicicleta. Enquanto dou o leite ao Alex e a Dani continua a birra, penso no meio mais requintado para a destruir. Chego à conclusão que não existe um meio requintado mas sim rápido: atirá-la pela janela.

9h – Os dois mais calmos. Os três mais calmos… durante 15 minutos. Birra do sono do Alex. Não quer dormir na cama, não quer dormir ao colo, não quero deixar a Dani sozinha para o adormecer. Ela grita para a Dora, que não a ouve na TV, e o Alex grita porque quer dormir e a irmã não deixa.

9.30h – Dou-te até ao meio dia para chegares…

12h – A tentar sobreviver há 2.30h entre gritos, choros, biberões, bolsadelas e um turbilhão de brinquedos que se vão acumulando no tapete da sala.

12.15h – Sempre a mesma “ trampa “. Preciso de tomar banho e QUERO SAIR À TARDE. Dou-te mais 45 minutos.

13h – Será que as roupas das crianças e as minhas cabem todas naquelas três malinhas? Vou para a net à procura de um pacote emprego+ama+casa na aldeia.

13.30h – Desisto da ideia da fuga do Manel. É mais fácil arranjar discussão ou destruí-lo em vez da bicicleta. Agora penso em maneira requintadas de dar cabo dele, enquanto tento fazer o almoço com a Dani com birra e o Alex birrento. Não tenho tempo para pensar. Talvez o bom e velho rolo da massa, a postos atrás da porta, faça o trabalhinho.

 14h – SMS: “ traz almoço, não consigo fazer “. Resposta: nula.

14.30h – SMS de resposta: “ levo frango?”. SMS de retribuição: “ Vais é levar um frango! “. Ninguém anda de bicicleta 5 horas. Se alguém inventou o motor, porque raio existirá alguém que gosta de puxar uma burra a pedais?

15h – Exausta demais para o rolo da massa. A porta abre-se e entra o marido exausto demais para ouvir o ralhete. A desculpar-se com o furo do pneu, a queda de não sei quem, e a má disposição de alguém que teve que parar a meio.

Fim de Domingo. Contabilização dos estragos que o furacão/terramoto/tsunami deixaram no interior e exterior, um bocado porcos, de mim. Desisto de sair para satisfação de quem está do outro lado da trincheira. Perdi esta batalha mas não a guerra.

Até outro Domingo ( considerem que escrevi isto com ar ameaçador… ).

Lara “ Maria “ Fonseca

 

2 comentários:

  1. Realmente eu vi o ar com que estas linhas foram escritas, e acreditem MEDO, MUITO MEDO.
    Ponto positivo, escapei ao rolo da massa, mas como foi dito outros Domingos virão e não sei se a minha sorte vai continuar.

    Um grande beijo para a minha linda "Maria".
    Rafa "Manel"

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  2. lol!! Muito bom!
    Já nem sei qem fica mais cansado. Temos que ver o lado positivo da coisa... chegam à noite os dois completamente exaustos, prontos para uma bela noite de descanso.....se os gaiatos deixarem.

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